terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O RETORNO DE JEDI

Aconteceu muita coisa ultimamente.
Como anda tudo meio confuso, serei breve nas novidades.
Meu pai faleceu no Hospital Getúlio Vargas, em meio a uma briga na justiça para que ele fosse atendido dignamente. Demoraram tanto a socorrê-lo que ele não resistiu.
Por conta disso, estou pendurada na UERJ, perigando em Matemática. Ah, a bendita Matemática... Idas e vindas a forum e hospital. Faltas no trabalho. Nervos em frangalhos.
Até agora não acredito que tudo isso está acontecendo.

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Meu pai foi só mais um que morreu esperando na fila.
Segurança não se vê. Ninguém confia nas autoridades.
Não é a primeira vez que pego um ônibus, e no trajeto sai um tiroteio na rua. Todos se jogam no chão, numa cena (que deveria ser) irreal.
Corrupção pra todo lado.
Grana rola solta. Mas no meu bolso não chega nada.

Não vou dizer que este é um País de Merda. Mas isso aqui parece uma grande privada.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Gente Não quer Só Comida

Se tem uma música que resume tudo, é essa aí.
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Meu pai está doente, e não é de uma simples gripe.
Precisa de atendimento urgente. Não pode andar muito.
À custa de muuito sacrifício consegui uma consulta no Hospital dos Servidores. Sabe o que aconteceu? No dia ele não quis ir - medo de infecção hospitalar. Discutimos. No dia seguinte ele piorou.
Graças a Deus, que teve pena de mim, consegui reagendar a consulta para o dia 27. Mas como vou fazer para levá-lo?
Disquei 192 - SAMU:
- Não fazemos esse tipo de serviço. Mas tem o pessoal do Saúde Solidária.
Disquei novamente para 0800-2850192:
- Quando será a consulta?
- Dia 27 às 8 da manhã.
- Só começamos a atender a partir das 9 horas.
- Por favor, moça, não tenho como levá-lo sozinha. Me ajuda.
- Liga no dia 20 e a gente vê o que pode fazer.
- Tá bem. Grata.
Mas peraí: dia 20 é dia da Consciência Negra!
Liguei novamente:
- Sinto muito; os agendamentos foram realizados dia 13.
- Mas a atendente disse para eu ligar dia 20. E hoje já é dia 16!
- Sinto muito. Por que você não liga dia 26, às 15 horas? Pra ver se houve alguma desistência..
- Conhece mais alguém que faça esse tipo de serviço?
- Não... Mas tenta aí.
- Ok, então tá, então.
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Se alguém souber como saio dessa enrascada, agradeço.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Ele caiu...

E não é que o Rei das Vacas caiu da cadeira?
Deveria ser motivo pra comemorar, mas não é bem assim.
Pra ser sincera eu gostaria que, num primeiro momento, ele continuasse insistindo em ficar na presidência do senado. Assim eu teria certeza de que a prorrogação da danada da CPMF não seria aprovada.
Dinheiro pra financiar o toma-lá-dá-cá, as bolsas-calaaboca, etc. e tal.
Que País fica rico distribuindo favores do jeito que é feito aqui? Não acredito que estamos no caminho certo. Não dá...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Eu Quero Saber

A saúde vai mal.
A segurança vai mal.
As estradas vão mal.
Os transportes vão mal.
O ensino vai mal.
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Os serviços públicos andam muito mal das pernas.
Dizer que é por falta de recursos, não dá.
Para tudo o que se paga nesse país tem um imposto embutido: pacote de biscoito, entrada de cinema, caderno, cheque emitido e por aí vai.
Então, eu quero saber:
AONDE VAI PARAR ESSA GRANA?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Tropa de Elite

Finalmente o tal filme, que quase todo mundo já viu e quer ver de novo, vai para as telas.
O Secretário Nacional de Segurança Pública, Antônio Carlos Biscaia, deve ter visto, assim como o nosso Governador (ele depois desmentiu, mas já era tarde). Ele, talvez inspirado pela opinião do Capitão Nascimento, personagem principal e narrador do filme, vivido pelo ator Wagner Moura (pensando bem, deve ser essa a opinião dos policiais do BOPE), chamou de hipócritas as manifestações feitas no Rio contra a violência, já que muitos dos seus participantes gastam com frequência uma graninha no morro comprando a maconhazinha diária e "outras paradas aluninantes", enchendo assim os bolsos dos traficantes e, conseqüentemente, financiando essa guerrilha urbana que estamos vivendo. Isso tudo depois de o tal vocalista da banda Detonautas ter participado de uma passeata do gênero.
Claro que virou polêmica, o cara deu a resposta, etc. e tal. Mas não é disso que eu quero falar. Quero falar sobre hipocrisia, nos mesmos termos que o Sr. Secretário falou. Uma reflexãozinha:
- Quem gosta de carnaval, frequenta escolas de samba, compra os cd's de samba-enredo (originais) e compra ingressos para desfiles carnavalescos, está financiando o quê? Quem é que manda nas Escolas de Samba hoje em dia?
- Quem compra DVD, CD, brinquedos e outros produtos-pirata está financiando o quê? Onde são conseguidas as cópias-matrizes dos CD's e DVD's? Quem anda ficando rico com repasse dos piratões? Não estou falando dos camelôs...
- Quem anda de van e kombi não legalizada, está financiando o quê? Quem são os chefes dessas cooperativas?
Não faço essas perguntas por saber todas as respostas, muito pelo contrário. Faço porque quero saber quem nessa bendita Cidade - no mundo, talvez - passa, sem manchas, pelo monstro da hipocrisia do qual falou o Secretário. Eu gosto de carnaval e assisti, outro dia, a um filme pirata na casa do vizinho. Só que eu não aguento mais tanta violência. Eu sou hipócrita?
Também queria saber como as coisas chegaram a esse ponto. Descaso? Incompetência? Falta de planejamento? Jabá? Fui eu quem fiz tudo isso acontecer?
Interrogações, interrogações. Resposta, que é bom, nada.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Mais um pouquinho...

Pessoa, sabe aquela história do cara que começa a incomodar fulano de tal por qualquer ou quaisquer dos 3 motivos abaixo:
- fulano de tal anda fazendo algo suspeito;
- fulano de tal não anda fazendo o que deveria fazer;
- fulano de tal está tentando fazer algo, mas o cara não deixa?
Aí o fulano de tal tem a seguinte idéia: dar um "cala a boca", que é pra o chato do cara deixar ele agir.
O termo "cala a boca" tem alguns significados em nossa rica língua portuguesa. Lá em Pindaíbarama funciona mais ou menos assim:
- o Rei quer aprovar ou vetar algo de seu interesse lá na sede. Mas os caras da sede começam a empatar a transação. Qual a solução? "cala a boca" - paga-se um semanão (benefício do tipo você sabe qual), arruma-se uns cargos aqui e ali, e estoura-se o orçamento.
- O ensino é de péssima qualidade. Escolas caem aos pedaços, profissionais do ensino ganham mal e sofrem ameaças de aluninhos delinqüentes. O que fazer? "Cala a boca" - não tem aumento pra professor, aluno vai continuar burro e sem chances de qualificar-se pra um futuro melhor ou de questionar as mazelas de Pindaíbarama, pois não tem informação suficiente pra isso. Mas em compensação, tem aprovação automática e ainda uma graninha como prêmio se andar na linha! E estoura-se o orçamento.
- Pindaíbalenses sofrem com a fome e a falta de perspectivas na vida. Muitos estão nas ruas, à margem da vida. Problema antigo que gerou violência nas áreas pobres e tornou-se imenso, a ponto parar em todos os lugares. A polícia de lá também é muito mal-remunerada e muitos tendem à corrupção. Há troca de tiros entre polícia e bandido, bandido e bandido, polícia e polícia, qualquer um e qualquer um, em plena luz do dia, a qualquer hora e em quem pegar. Como é que fica? "Cala a boca" - pra diminuir a fome, vai um incentivo de 350 petecas reais aí. Quem consegue, muitas vezes nem quer arrumar emprego, pra não perder o benefício. Isso é o que dá pra fazer. Pensando bem, poderia ser feito algo melhor, mas dá muito trabalho. E pra polícia também não tem aumento, mas tem um benefício se o policial inscrever-se num desses programas-enche-linguiça, porque ele ganha também 350 petecas reais. Legal, né? E estoura-se o orçamento.
- As condições nos hospitais são péssimas. Profissionais da saúde ganham mal, assim como os do ensino, e fazem greve. Faltam remédios que deveriam ser distribuídos gratuitamente, pessoas morrem amontoadas como animais, etc. e tal. E aí? "cala a boca" - nesse caso ainda não tem nada não, porque o orçamento estourou. E não enche!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Nariz de palhaço

Era uma vez um País que ficava dentro de um imenso circo (ou um circo que ficava dentro de um País imenso), chamado Pindaíbarama.

Em Pindaíbarama existia uma capital. Na capital, ficava a sede do circo. Na sede do circo, tinha um rei e uns caras que foram escolhidos pelo povo para representá-los. Mas eles não gostavam muito de trabalho, não. Pra mostrar serviço, vez ou outra um aparecia com um projeto. Um foi para permitir o uso de chapéu de cangaceiro no recinto de trabalho. Certa vez, cuspiram a dentadura durante o discurso. Um outro cara foi acusado de ter tido um caso com a mulher barbada e pagar a pensão da criancinha barbada com dinheiro do domador de vacas. O cara disse que era mentira e que ia provar. Enfiou a mão no bolso, cheio de moral, mas em vez de puxar dinheiro saiu uma garrafinha de tubaína com uma laranja dentro. E o pior: foram beber o troço e tinha gosto de cerveja.

O rei de Pindaíbarama tinha a mania de distribuir dinheiro. Ele pegava um monte com o resto do povo, fazia aviãozinho e jogava lá na sede. Até falou pra os bancos: "vocês têm que distribuir dinheiro também". Eles obedeceram, mas diziam pros caras que iam lá, desesperados: "olha, vou te dar 10 petecas reais (era a moeda de lá). Você me paga 200, em 1000 prestações de 0,40 petecas reais. É pegar ou largar". O pessoal pegava.

Em Pindaíbarama existem malabaristas. São meninos, meninas e adultos que ganham a vida jogando bolinhas e bastões para o alto nos sinais de trânsito. Eles conseguem jogar suas bolinhas e bastões para o alto, pegar a grana e cair fora da pista antes que o sinal abra. Tem uns caras que jogam até bastões em chamas. Palmas pra eles!

Em Pindaíbarama existem palhaços. É o resto do povo que lá habita. A maioria das pessoas não gosta de ser palhaço, não. Mas existe uma lei por lá que obriga todo mundo a usar os benditos narizes de palhaço. Ainda bem que não precisa da roupa toda!

Tem mais casos de Pindaíbarama, mas depois eu conto.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Carnaval no Congresso

Era Carnaval. No Congresso Nacional alguém teve a idéia de fazer um baile. Haviam políticos de vários estados brasileiros. É bem verdade que não eram todos que cantavam as tais musiquinhas, mas do lado de fora o povo ouvia:

Ei, você aí
me eleja de novo aí
me eleja de novo aí

Ei, você aí
me eleja de novo aí
me eleja de novo aí

Não vai votar?
Tem nada, não
Vou me eleger
com outro babacão
que nem se lembra
do que eu fiz aqui, oi

Mané, mané, mané
me eleja de novo aí

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Mamata vai rolar
CPMF desses trouxas vou pegar
Faço acordo pra depois votar secreto
porque eu quero me arrumar
- TOMA LÁ E DÁ CÁ!

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Festão, hein?

sábado, 15 de setembro de 2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

E viva o circo!

Pessoa,
Renan foi inocentado.
Vamos celebrar a bandalheira e a impunidade reinantes.
O Congresso Nacional é uma verdadeira CASA DE TOLERÂNCIA.
Acessem:

Olha aí, pessoa!

Um fato importantíssimo que esta acontecendo hoje no Congresso Nacional: está sendo votada a aprovação de cassação do famoso senador-fazendeiro, rei da boiada e da chifrada: Renan Calheiros. Acusações:
1- Andou pagando pensão alimentícia à ex-amante Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 4 aninhos, com dinheiro dado pelo lobista Cláudio Gontijo, da Construtora Mendes Jr. (lobista = pessoa que representa os negócios de uma empresa ou grupo empresarial, a fim de vender seus produtos ou serviços para outra empresa ou grupo empresarial. Exemplo: o Governo quer fazer uma obra de R$200 milhões e faz uma concorrência entre 5 empresas, para escolher apenas uma. Cada uma dessas 5 empresas tem o seu lobista, que usará de todas as suas artimanhas para ganhar a concorrência e fazer a obra. O nosso amigo Claudio Gontijo escolheu pagar a pensão da moça. No Brasil, isso é ilegal e é tido como má utilização de dinheiro público.
2- Renan disse que o dinheiro usado para a pensão vinha da venda de gado e poderia provar. Mas na hora, apresentou notas fiscais frias (ou seja, notas falsas). Todo sem graça, ele primeiro culpou o veterinário dois bois, o Sr. Gualter Peixoto, pela emissão das notas. Depois, sentindo que não colou, culpou a Dona Zoraide Beltrão, dona de um frigorífico. A Dona Zoraide, em entrevista, defendeu-se dizendo ter realmente feito negócios com Renan, mas que jamais emitiu recibo algum. A Polícia Federal atestou, depois, que os documentos apresentados para provar que tinha renda suficiente para pagar pensão à filha não provaram nada.
3- Alguém denunciou que Renan teria participado da venda de uma fábrica de Tubaína (um tipo de bebida) lá em Murici, Alagoas, cuja dona era sua família e que não valeria mais que R$10 milhões. Sabe quem comprou? A Cervejaria Schincariol. Sabe quanto ela pagou? R$27 milhões. Lembra que a Schincariol já andou metida em maracutaias, pessoa? Além disso, Renan Calheiros também teria impedido, favorecendo a mesma Schincariol, a execução de uma dívida de R$110 milhões no INSS e uma multa na Receita Federal por sonegação.
4- Renan e seu irmão, Olavo Calheiros, foram acusados pelos primos (Antônio Gomes de Vasconcelos e Dimário Cavalcante Calheiros) de ocultar propriedades rurais. O cartório da região de Murici, aonde o caso está rolando, está sob intervenção do Tribunal de Justiça do Estado.
5- Renan Calheiros teria comprado uma empresa de comunicação, em plena época de campanha eleitoral, por R$1,3 milhão pagos em dinheiro vivo (reais e dólares), através de "laranjas", sem declarar às autoridades fiscais e eleitorais. Para quem não sabe: quando uma pessoa usa o nome outra para fazer um negócio ilegal qualquer, às vezes sem que ela saiba ou sequer conheça quem fez o negócio, diz-se que essa pessoa é "laranja".
6- Um usineiro chamado João Lyra teria se apresentado como sócio de Renan em duas estações de rádio e um jornal, no valor de R$ 2,5 milhões, também compradas em época de campanha eleitoral, e mostrado notas promissórias e recibos assinados por um cara chamado Tito Uchoa, representante de Renan na tal sociedade. Só que o tal Tito sumiu do mapa. Renan teria, ainda, assinado um documento informando a João Lyra que da situação da rádio foi regularizada (que situação?), e que ela foi adquirida pelo empresário de um pastor. Um jornalista chamado Luiz Carlos Barreto, que administrava os órgãos na época, poderia confirmar ter vendido sua parte para os 2 sócios. Pessoa, uma pessoa pública, ainda mais em campanha, não pode ser dona de rádio, tv ou qualquer outro veículo de comunicação. E quem compra imóveis é obrigado a declarar na Receita Federal.
Agora me diz: ele provou sua inocência? Não. Merece ser cassado? Acho que sim, e você? A batata do homem assou, mas ele faz de tudo para não deixar a cadeira. Eu não sei o que você pensa sobre isso, pessoa. Mas eu quero respeito. A mim, resta aguardar se os congressistas vão fazer a vontade da maioria do povo brasileiro e votar pela cassação, ou se o que vamos ganhar é um monumental atestado de otários. Olho neles!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

OLHA O TREM-BALA AÍ, GENTE!

O assunto do momento foi a troca de tiros entre policiais e traficantes durante o passeio de um trem em que estavam 2 ministros (Pedro Brito, dos Portos, e Márcio Fortes, das Cidades) mais 1 secretário estadual (o de Transportes, Julio Lopes). A intenção era inaugurar as obras de revitalização de acesso ao Porto do Caju.
Ia tudo às mil maravilhas até passarem pelo Jacarezinho: era tiro de pistola pra lá, o povo todo (autoridades, jornalistas, policiais) jogando-se pelo chão, revide policial pra cá... uma loucura. O Governador Sergio Cabral, que não era besta, foi à inauguração mas não entrou no trem. Resolveu fazer o trajeto de helicóptero e escapou do mico.
Bem, deixemos o lado ridículo da situação de lado e vamos à parte séria: durante muitos anos, enquanto esse tipo de episódio era comum apenas aos morros e favelas, a sociedade de modo geral não dava muita importância, mesmo que vez ou outra a gente ouvisse algum comentário ou lêsse alguma coisa a respeito. A partir do momento que tais acontecimentos saíram do gueto e passaram a fazer parte do cotidiano de todos, aí sim, todo mundo pôs a boca no trombone. Só vivenciando uma situação e sentindo seus efeitos em nossas vidas é que acordamos para determinadas situações.
Aí o seu fulano chega e fala assim: "ah, mas esses traficantes não sabiam que eram ministros que estavam lá". E que diferança faz isso? E o pessoal que vive no Jacarezinho? Será que alguma dessas pessoas, no meio do tiroteio, se feriu e não entrou nas estatísticas? E depois, quando a polícia invadiu? Só bandido levou tiro? Alguém já parou pra pensar que as pessoas que vivem em morros e favelas e que querem levar uma vida honesta estão entregues à própria sorte? Têm que calar, têm que não ver. Por elas, só Deus. E agora também, pelo que vejo, por todos nós.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Hoje, enquanto seguia para o trabalho, liguei o rádio e o nosso Presidente estava, naquele exato momento, concedendo uma entrevista coletiva a algumas emissoras de rádio. Os temas das perguntas foram variados: caso Renan Calheiros e sua boiada, prorrogação da CPMF, inflação, crise aérea, etc.
Confesso que em alguns momentos senti ali aquele Lula de antes, que já foi sindicalista e passou a Deputado Federal. Uma figura realmente admirável. E em outros, senti mais ou menos como se ele fosse uma cozinheira e a receita do seu bolo estivesse "desandando".
Já escrevi aqui que estou na Universidade com uma certa ajuda da política de cotas. E devo reconhecer ainda que minha vida melhorou de uns anos para cá, assim como a de muita gente. Mas essa coisa de o povo brasileiro ser o maior pagador de impostos do mundo e ainda assim não ter serviços decentes de educação, transporte, saúde e segurança, não sei não. Isso de ficar com um imposto (não era contribuição?) provisório que não acaba nunca, não sei não. E ainda ouvir o Ministro Mantega e o próprio Lula dizerem que sem ele não vai dar para tocar os programas de governo, pior. Até parece que os recursos da CPMF vão servir para colocar dinheiro em qualquer coisa que não seja saúde. Não foi para a saúde que essa danada foi criada?
Por que o programa Bolsa Família não continuou como no projeto original do Professor Cristóvão Buarque - o Bolsa Escola? E qual benefício vamos ter com essa idéia infeliz de aprovação automática, que é o desespero de qualquer professor?
Se eu pegar o que ganho e sair gastando sem planejamento, depois eu vou ficar na pior. Agora, se eu resolver cortar meus gastos supérfluos, parar de desperdiçar e investir meu dinheiro com sabedoria, daqui a algum tempo já vou ter um bom retorno, certo?
Acho que investir em segurança, educação, transporte e saúde dá retorno, tanto para a população quanto para o próprio País. Mas ainda não entendi que tipo de retorno podemos ter se tudo que nos é arrecadado - no caso da CPMF, contra nossa vontade - é investido na concessão de certos benefícios que são, apenas soluções de curto prazo. E ainda corremos o risco de, no futuro, ter que pagar mais para não ter que ver esse bolo "desandar".

sábado, 1 de setembro de 2007

Hoje é sábadoooo!

Acordei hoje por volta das 6 horas da manhã. Já estava toda animada, pensando na Praia de Copacabana, na bicicleta, na caminhada e no sorvete, quando me lembrei: não estou de folga...
Levantei com uma disposição daquelas - imagina, pessoa - e comecei a me preparar. Cheguei perto da janela e o sol ainda teve o topete de olhar para minha cara e dizer:
- Olha, vou ficar o dia todo por aí, hein?
Mas mantive meu orgulho e fiz um tipo que não estava nem aí. Peguei a minha reta e cá estou, no escritório, organizando minha agenda de hoje e escrevendo para o blog ao mesmo tempo.
E quer saber? Não estou de mal humor. Tudo azul, assim como o céu. E vamos embora, que atrás ven gente!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Felicidade - entrei para a UERJ!!!

Pessoa,
Acabei de inaugurar mais uma fase na minha vida como estudande de Administração na UERJ.
Entrei como cotista, apesar de todas as críticas que ouvi. E passei com muuuito esforço, além da valorosa ajuda do pessoal do GAVE - Grupo de Apoio ao Vestibulando, curso gratuito que funciona na Praça Barão de Corumbá nº 49, Tijuca (em tempo: pra quem não tem recursos, como eu, vale a pena inscrever-se. Pra quem acessa o ORKUT, eles têm uma página).
Mas, voltando ao assunto: agora que a euforia passou, me dei conta de que essa nova fase será de mais esforço, numa universidade que há anos vem pedindo socorro. E quanto mais pede socorro, menos verba recebe do Governo Estadual. O que me faz pensar como é que esses governantes esperam que este País cresça.
Há tempos implantaram um sistema absurdo de aprovação automática para os alunos do ensino fundamental (não sei se ocorre o mesmo com o ensino médio), que funciona mais ou menos assim: a escola tem que bater uma determinada cota de aprovação porque precisa continuar recebendo uma verba "X". E assim, sem saber ler ou escrever direito, o Zezinho acaba o ensino fundamental. Como devemos chamar isso: investimento no futuro do País ou alavancamento de candidatura?
Se o cara não corre atrás do prejuízo, não vai ter a menor condição de passar num vestibular para a UERJ ou qualquer universidade pública, que acaba abrindo suas portas para quem tem mais recursos. Sendo assim, que opção sobra para o Zezinho? Ou paga para graduar-se, ou fica na saudade. Já pensou, pessoa, que barbaridade? Por essas e outras, defendo a galera cotista. Mas tem que ter moderação, não é?

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Ah, sim: eu comecei dizendo que acabei de inaugurar mais uma fase na minha vida como estudande de Administração na UERJ. Se o prédio não cair e se chegarem verbas para pagar professores, funcionários e material de trabalho, vai dar tudo certo. Para mim e para quem vier depois.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Ah, essa Brasília...

Hoje eu estava navegando na internet, como de costume, para me inteirar dos acontecimentos. Vi, rapidamente, a notícia sobre o lançamento do chamado "PAC da Segurança" - Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, na verdade PRONASCI - que receberá, segundo o nosso governo, R$6,7 bilhoões de reais até o ano 2012. "Ih, que legal", aquela festa, coisa e tal.
Soube também que o aumento dos policiais civis e militares, antes previsto no tal PAC e foi tão alardeado na solenidade de lançamento, simplesmente não vai acontecer. Em vez disso, puseram um desses programas de "bolsa-incentivo", no valor de até R$400,00, para que façam cursos. Assim, dizem eles, o piso da categoria vai para a R$1.400.00 mensais. Mas claro, ninguém pode saber que a idéia original foi adaptada para fins eleitoreiros. Tem mais: lançaram o programa de bolsa para reservistas, para incentivar reservistas das Forças Armadas a engajaram-se no serviço policial e não no narcotráfico; e o bolsa-família-de-presidiários.
Nem vou perguntar quais as chandes de tudo isso dar certo. O que eu quero saber é:
- Depois de 2012 a continuidade desse programa vai depender de quem?
- Profissão de risco não TEM que ser bem-remunerada? O piso deles não TEM que ser satisfatório? Por que, então, simplesmente não lhes dar aumento de piso salarial, em vez de criar esse tipo de bolsa da qual nem todos os policiais poderão fazer parte - ou você acha que vai, pessoa? E quem já faz algum bico para aumentar o orçamento até um valor bem melhor que R$1.400.00, perderá a chance de progredir na profissão?
- Para as Forças Armadas, que já tiveram um salário mais digno e já foram muito mais prestigiadas pelos nossos governantes, não funcionaria também o aumento de piso sobre o qual falei acima, além de um programa de inventivo para seguir carreira? O que temos hoje são soldados indo para casa mais cedo porque não tem comida no quartel, por exemplo.
- O que dá mais resultados e é melhor para a sociedade?
a) gastar dinheiro construindo mais presídios, com bloqueadores de celular que nunca funcionam e tratamento VIP para os traficantes renomados; ou
b) gastar dinheiro em programas de reestruturação dos presídios já existentes, para reabilitação de presos - do tipo que dá escola, qualificação profissional, convênio de prestação de serviços com empresas visando a redução de pena e pagamento no fim do mês, que é para o cara já sair da prisão sentindo-se humano, e com um pezinho de meia para si e para a família - e programas sociais nas comunidades de baixa-renda, atendento principalmente pessoas na faixa dos 18 a 24 anos, cada vez mais alvo da criminalidade, como eles mesmos sabem?
Deixo essa reflexão com todos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Utilidade Pública

Em Botafogo, no Rio de Janeiro, tem uma clínica de exames de diagnóstico por imagem, para atender a população de baixa renda.
É a realização de um sonho do radiologista Romeu Cortes Domingues, diretor médico de duas clínicas de radiologia, que buscou parceiros para a iniciativa.
Para se ter uma idéia, os exames, que custam, na rede privada, cerca de R$ 850,00, são oferecidos por R$ 120,00.
Confira o site: www.imagemsolidaria.com.br

Por que o litro de leite está tão caro?

Pessoa, já viu como o litro de leite está pela hora da morte?
Eu, que sou movida a leite, já ando tendo crises de abstinência. E fiquei espentadíssima, como acho que você vai ficar também, quando soube que a causa disso tudo é o milho lá nos Estados Unidos. Já pensou, que loucura?
O que ocorre é mais ou menos o seguinte: a ameaça de escassez de petróleo e essa onda de combustível limpo - sabe como é, a camada de ozônio e outras coisas - está levando diversos Países a correr atrás de uma alternativa ecologicamente correta. Aqui no Brasil, temos basicamente o biocombustível à base de cana; lá nos EUA, é a base do milho.
Mas só que o milho da casa do Tio Sam também é base de preparo para quase todo tipo de ração dada aos animais de abate, como o frango e a vaca. Epa! Vaca?
Olha só a danada da vaca já entrando na história. Os produtores do milho norte-americano estão começando a enxergar um novo filão para seus lucros. Na opinião deles, o bom agora é plantar milho para gerar combustível. Assim, o milho some do mercado. Qual é a lógica do capitalismo? milho que sobra mais caro + a vaca que come milho mais caro = repasse para o consumidor. E o preço de leite por lá fica mais caro.
O Tio Sam resolve, então, que com está não pode ficar. Estimula a concorrência interna para forçar a queda de preços (o tal do livre mercado, já ouviu falar?) e começa a importar leite. O Brasil diz: oba! E manda leite adoidado para os caras, pois afinal estão enxergando um novo filão para seus lucros. Sabe como é, pessoa: começa a faltar leite por aqui, e o leite fica mais caro.
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Você já deve ter lido ou ouvido que alguns líderes sul-americanos (como Hugo Chávez, e Néstor Kirchner, respectivamente os presidentes da Venezuela e da Argentina) já manifestaram receio quanto a esse negócio de biocombustível. O medo deles, que eu considero muito bem fundamentado, é de que falte (mais) comida na mesa das pessoas. A fome já existe no Mundo, e pode piorar. Espero mesmo que esses governantes tenham traçado uma estratégia digna para evitar essa verdadeira desgraça.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Acordei com o pé esquerdo

Saí de casa hoje pela manhã, a caminho do meu trabalho, e enquanto ouvia o noticiário no rádio pensava: puxa vida, como estamos esquecidos pelos nossos governantes!
Não faz muito tempo, quando eu estudava lá no Colégio Estadual Amaro Cavancânti, a minha turma se reunia para discutir a situação do País. Leonel Brizola era Governador do RJ. As coisas já não estavam lá às mil maravilhas. Havia um grupo de petistas mais roxos do que a fonte que estou usando neste texto! Ser petista, àquela época, significava querer um País melhor, sabe? E eu era parte desse grupo.
Hoje em dia, sabe como me sinto? Como se todos os meus sonhos tivessem sido jogados no lixo. É isso aí, pessoa, me sinto órfã. É chato saber que um palhaço qualquer esteve aqui, limpou a mesa da sala, espirrou um troço para purificar o ar e escreveu "Benvindo ao Congo" no quadro. É chato saber que toda obra que se faz por aqui é superfaturada. É chato saber que existe CPI do chinelo velho.
Mas sou crente en Deus, pessoa. E tenho fé de que esse jogo ainda vai virar a nosso favor.

Entenda a CPMF

Tem saído nos últimos noticiários que a CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) da Câmara dos Deputados de Brasília aprovou a constitucionalidade da prorrogação da CPMF. Há quem seja contra - grande maioria - e quem seja a favor. Você entende o que está acontecendo?

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Tudo começou nos tempos de FHC, o então Presidente do Brasil, e foi assim:

A EC (Emenda Constitucional) nº12/1996 determinava que a cobrança da CPMF duraria no máximo 2 anos. A Lei 9.311/1996, que instituiu essa cobrança, determinou que ela seria feita por 13 meses - de 23.01.1997 a 23.02.1998. Posteriormente, a Lei 9.539/1997 modificou a lei anterior e deu-se a primeira prorrogação até 23.01.1999, determinando ainda que não haveria mais cobrança a partir de então. Assim se fez.
No entanto, em 19.03.1999 foi publicada a EC 21/1999, que prorrogou a cobrança da contribuição por mais 36 meses, a começar em junho de 1999.

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Agora, presta atenção:

- Se a Lei valeu até janeiro/99, como pode outra, de março do mesmo ano, prorrogá-la, e com início a partir de junho? Legalmente, qualquer lei vinda depois não teria a menor validade.

- A Constituição proíbe expressamente a cobrança de tributos no mesmo ano em que foi publicada a lei que a instituiu. Ou seja: se essa lei foi publicada em 1999, tem que passar a vigorar, necessariamente, no ano seguinte - nesse caso, em 2000. A isso chamamos princípio da anterioridade. A EC 21/99 também não respeitou o dispositivo da Constituição que o estabelece. O próprio STF (Supremo Tribunal Federal) , em sua Súmula 67, entendeu que "é inconstitucional a cobrança de tributo que houver sido criado ou aumentado no mesmo exercício financeiro".

- A mesma emenda alterou, também, a finalidade dos recursos arrecadados com a CPMF, ou seja, o que caracteriza imoralidade pública. Segundo dispõe a emenda, o resultado do aumento da arrecadação de 1999 a 2001 destina-se ao custeio da Previdência Social, contrariando a Emenda 12/96, que destinou a totalidade dos recursos à área da Saúde.

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Sabe o que está acontecendo agora, no governo Lula?

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 50/2007, de autoria do Governo, prorroga até 2011 a CPMF e a Desvinculação de Receitas da União (DRU). A DRU permite ao governo redirecionar até 20% do Orçamento para as áreas que achar necessárias.

O Governo brasileiro afirma que cerca de R$ 15 bilhões vão para a saúde, R$ 7,5 bilhões para o Bolsa Família, R$ 6 bilhões para a Previdência e o restante fica no Tesouro para fazer caixa e manter o superávit. Você gostaria que houvesse uma prestação de contas disso? Eu também.