terça-feira, 11 de setembro de 2007

OLHA O TREM-BALA AÍ, GENTE!

O assunto do momento foi a troca de tiros entre policiais e traficantes durante o passeio de um trem em que estavam 2 ministros (Pedro Brito, dos Portos, e Márcio Fortes, das Cidades) mais 1 secretário estadual (o de Transportes, Julio Lopes). A intenção era inaugurar as obras de revitalização de acesso ao Porto do Caju.
Ia tudo às mil maravilhas até passarem pelo Jacarezinho: era tiro de pistola pra lá, o povo todo (autoridades, jornalistas, policiais) jogando-se pelo chão, revide policial pra cá... uma loucura. O Governador Sergio Cabral, que não era besta, foi à inauguração mas não entrou no trem. Resolveu fazer o trajeto de helicóptero e escapou do mico.
Bem, deixemos o lado ridículo da situação de lado e vamos à parte séria: durante muitos anos, enquanto esse tipo de episódio era comum apenas aos morros e favelas, a sociedade de modo geral não dava muita importância, mesmo que vez ou outra a gente ouvisse algum comentário ou lêsse alguma coisa a respeito. A partir do momento que tais acontecimentos saíram do gueto e passaram a fazer parte do cotidiano de todos, aí sim, todo mundo pôs a boca no trombone. Só vivenciando uma situação e sentindo seus efeitos em nossas vidas é que acordamos para determinadas situações.
Aí o seu fulano chega e fala assim: "ah, mas esses traficantes não sabiam que eram ministros que estavam lá". E que diferança faz isso? E o pessoal que vive no Jacarezinho? Será que alguma dessas pessoas, no meio do tiroteio, se feriu e não entrou nas estatísticas? E depois, quando a polícia invadiu? Só bandido levou tiro? Alguém já parou pra pensar que as pessoas que vivem em morros e favelas e que querem levar uma vida honesta estão entregues à própria sorte? Têm que calar, têm que não ver. Por elas, só Deus. E agora também, pelo que vejo, por todos nós.

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