quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Mais um pouquinho...

Pessoa, sabe aquela história do cara que começa a incomodar fulano de tal por qualquer ou quaisquer dos 3 motivos abaixo:
- fulano de tal anda fazendo algo suspeito;
- fulano de tal não anda fazendo o que deveria fazer;
- fulano de tal está tentando fazer algo, mas o cara não deixa?
Aí o fulano de tal tem a seguinte idéia: dar um "cala a boca", que é pra o chato do cara deixar ele agir.
O termo "cala a boca" tem alguns significados em nossa rica língua portuguesa. Lá em Pindaíbarama funciona mais ou menos assim:
- o Rei quer aprovar ou vetar algo de seu interesse lá na sede. Mas os caras da sede começam a empatar a transação. Qual a solução? "cala a boca" - paga-se um semanão (benefício do tipo você sabe qual), arruma-se uns cargos aqui e ali, e estoura-se o orçamento.
- O ensino é de péssima qualidade. Escolas caem aos pedaços, profissionais do ensino ganham mal e sofrem ameaças de aluninhos delinqüentes. O que fazer? "Cala a boca" - não tem aumento pra professor, aluno vai continuar burro e sem chances de qualificar-se pra um futuro melhor ou de questionar as mazelas de Pindaíbarama, pois não tem informação suficiente pra isso. Mas em compensação, tem aprovação automática e ainda uma graninha como prêmio se andar na linha! E estoura-se o orçamento.
- Pindaíbalenses sofrem com a fome e a falta de perspectivas na vida. Muitos estão nas ruas, à margem da vida. Problema antigo que gerou violência nas áreas pobres e tornou-se imenso, a ponto parar em todos os lugares. A polícia de lá também é muito mal-remunerada e muitos tendem à corrupção. Há troca de tiros entre polícia e bandido, bandido e bandido, polícia e polícia, qualquer um e qualquer um, em plena luz do dia, a qualquer hora e em quem pegar. Como é que fica? "Cala a boca" - pra diminuir a fome, vai um incentivo de 350 petecas reais aí. Quem consegue, muitas vezes nem quer arrumar emprego, pra não perder o benefício. Isso é o que dá pra fazer. Pensando bem, poderia ser feito algo melhor, mas dá muito trabalho. E pra polícia também não tem aumento, mas tem um benefício se o policial inscrever-se num desses programas-enche-linguiça, porque ele ganha também 350 petecas reais. Legal, né? E estoura-se o orçamento.
- As condições nos hospitais são péssimas. Profissionais da saúde ganham mal, assim como os do ensino, e fazem greve. Faltam remédios que deveriam ser distribuídos gratuitamente, pessoas morrem amontoadas como animais, etc. e tal. E aí? "cala a boca" - nesse caso ainda não tem nada não, porque o orçamento estourou. E não enche!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Nariz de palhaço

Era uma vez um País que ficava dentro de um imenso circo (ou um circo que ficava dentro de um País imenso), chamado Pindaíbarama.

Em Pindaíbarama existia uma capital. Na capital, ficava a sede do circo. Na sede do circo, tinha um rei e uns caras que foram escolhidos pelo povo para representá-los. Mas eles não gostavam muito de trabalho, não. Pra mostrar serviço, vez ou outra um aparecia com um projeto. Um foi para permitir o uso de chapéu de cangaceiro no recinto de trabalho. Certa vez, cuspiram a dentadura durante o discurso. Um outro cara foi acusado de ter tido um caso com a mulher barbada e pagar a pensão da criancinha barbada com dinheiro do domador de vacas. O cara disse que era mentira e que ia provar. Enfiou a mão no bolso, cheio de moral, mas em vez de puxar dinheiro saiu uma garrafinha de tubaína com uma laranja dentro. E o pior: foram beber o troço e tinha gosto de cerveja.

O rei de Pindaíbarama tinha a mania de distribuir dinheiro. Ele pegava um monte com o resto do povo, fazia aviãozinho e jogava lá na sede. Até falou pra os bancos: "vocês têm que distribuir dinheiro também". Eles obedeceram, mas diziam pros caras que iam lá, desesperados: "olha, vou te dar 10 petecas reais (era a moeda de lá). Você me paga 200, em 1000 prestações de 0,40 petecas reais. É pegar ou largar". O pessoal pegava.

Em Pindaíbarama existem malabaristas. São meninos, meninas e adultos que ganham a vida jogando bolinhas e bastões para o alto nos sinais de trânsito. Eles conseguem jogar suas bolinhas e bastões para o alto, pegar a grana e cair fora da pista antes que o sinal abra. Tem uns caras que jogam até bastões em chamas. Palmas pra eles!

Em Pindaíbarama existem palhaços. É o resto do povo que lá habita. A maioria das pessoas não gosta de ser palhaço, não. Mas existe uma lei por lá que obriga todo mundo a usar os benditos narizes de palhaço. Ainda bem que não precisa da roupa toda!

Tem mais casos de Pindaíbarama, mas depois eu conto.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Carnaval no Congresso

Era Carnaval. No Congresso Nacional alguém teve a idéia de fazer um baile. Haviam políticos de vários estados brasileiros. É bem verdade que não eram todos que cantavam as tais musiquinhas, mas do lado de fora o povo ouvia:

Ei, você aí
me eleja de novo aí
me eleja de novo aí

Ei, você aí
me eleja de novo aí
me eleja de novo aí

Não vai votar?
Tem nada, não
Vou me eleger
com outro babacão
que nem se lembra
do que eu fiz aqui, oi

Mané, mané, mané
me eleja de novo aí

*********

Mamata vai rolar
CPMF desses trouxas vou pegar
Faço acordo pra depois votar secreto
porque eu quero me arrumar
- TOMA LÁ E DÁ CÁ!

**********
Festão, hein?

sábado, 15 de setembro de 2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

E viva o circo!

Pessoa,
Renan foi inocentado.
Vamos celebrar a bandalheira e a impunidade reinantes.
O Congresso Nacional é uma verdadeira CASA DE TOLERÂNCIA.
Acessem:

Olha aí, pessoa!

Um fato importantíssimo que esta acontecendo hoje no Congresso Nacional: está sendo votada a aprovação de cassação do famoso senador-fazendeiro, rei da boiada e da chifrada: Renan Calheiros. Acusações:
1- Andou pagando pensão alimentícia à ex-amante Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 4 aninhos, com dinheiro dado pelo lobista Cláudio Gontijo, da Construtora Mendes Jr. (lobista = pessoa que representa os negócios de uma empresa ou grupo empresarial, a fim de vender seus produtos ou serviços para outra empresa ou grupo empresarial. Exemplo: o Governo quer fazer uma obra de R$200 milhões e faz uma concorrência entre 5 empresas, para escolher apenas uma. Cada uma dessas 5 empresas tem o seu lobista, que usará de todas as suas artimanhas para ganhar a concorrência e fazer a obra. O nosso amigo Claudio Gontijo escolheu pagar a pensão da moça. No Brasil, isso é ilegal e é tido como má utilização de dinheiro público.
2- Renan disse que o dinheiro usado para a pensão vinha da venda de gado e poderia provar. Mas na hora, apresentou notas fiscais frias (ou seja, notas falsas). Todo sem graça, ele primeiro culpou o veterinário dois bois, o Sr. Gualter Peixoto, pela emissão das notas. Depois, sentindo que não colou, culpou a Dona Zoraide Beltrão, dona de um frigorífico. A Dona Zoraide, em entrevista, defendeu-se dizendo ter realmente feito negócios com Renan, mas que jamais emitiu recibo algum. A Polícia Federal atestou, depois, que os documentos apresentados para provar que tinha renda suficiente para pagar pensão à filha não provaram nada.
3- Alguém denunciou que Renan teria participado da venda de uma fábrica de Tubaína (um tipo de bebida) lá em Murici, Alagoas, cuja dona era sua família e que não valeria mais que R$10 milhões. Sabe quem comprou? A Cervejaria Schincariol. Sabe quanto ela pagou? R$27 milhões. Lembra que a Schincariol já andou metida em maracutaias, pessoa? Além disso, Renan Calheiros também teria impedido, favorecendo a mesma Schincariol, a execução de uma dívida de R$110 milhões no INSS e uma multa na Receita Federal por sonegação.
4- Renan e seu irmão, Olavo Calheiros, foram acusados pelos primos (Antônio Gomes de Vasconcelos e Dimário Cavalcante Calheiros) de ocultar propriedades rurais. O cartório da região de Murici, aonde o caso está rolando, está sob intervenção do Tribunal de Justiça do Estado.
5- Renan Calheiros teria comprado uma empresa de comunicação, em plena época de campanha eleitoral, por R$1,3 milhão pagos em dinheiro vivo (reais e dólares), através de "laranjas", sem declarar às autoridades fiscais e eleitorais. Para quem não sabe: quando uma pessoa usa o nome outra para fazer um negócio ilegal qualquer, às vezes sem que ela saiba ou sequer conheça quem fez o negócio, diz-se que essa pessoa é "laranja".
6- Um usineiro chamado João Lyra teria se apresentado como sócio de Renan em duas estações de rádio e um jornal, no valor de R$ 2,5 milhões, também compradas em época de campanha eleitoral, e mostrado notas promissórias e recibos assinados por um cara chamado Tito Uchoa, representante de Renan na tal sociedade. Só que o tal Tito sumiu do mapa. Renan teria, ainda, assinado um documento informando a João Lyra que da situação da rádio foi regularizada (que situação?), e que ela foi adquirida pelo empresário de um pastor. Um jornalista chamado Luiz Carlos Barreto, que administrava os órgãos na época, poderia confirmar ter vendido sua parte para os 2 sócios. Pessoa, uma pessoa pública, ainda mais em campanha, não pode ser dona de rádio, tv ou qualquer outro veículo de comunicação. E quem compra imóveis é obrigado a declarar na Receita Federal.
Agora me diz: ele provou sua inocência? Não. Merece ser cassado? Acho que sim, e você? A batata do homem assou, mas ele faz de tudo para não deixar a cadeira. Eu não sei o que você pensa sobre isso, pessoa. Mas eu quero respeito. A mim, resta aguardar se os congressistas vão fazer a vontade da maioria do povo brasileiro e votar pela cassação, ou se o que vamos ganhar é um monumental atestado de otários. Olho neles!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

OLHA O TREM-BALA AÍ, GENTE!

O assunto do momento foi a troca de tiros entre policiais e traficantes durante o passeio de um trem em que estavam 2 ministros (Pedro Brito, dos Portos, e Márcio Fortes, das Cidades) mais 1 secretário estadual (o de Transportes, Julio Lopes). A intenção era inaugurar as obras de revitalização de acesso ao Porto do Caju.
Ia tudo às mil maravilhas até passarem pelo Jacarezinho: era tiro de pistola pra lá, o povo todo (autoridades, jornalistas, policiais) jogando-se pelo chão, revide policial pra cá... uma loucura. O Governador Sergio Cabral, que não era besta, foi à inauguração mas não entrou no trem. Resolveu fazer o trajeto de helicóptero e escapou do mico.
Bem, deixemos o lado ridículo da situação de lado e vamos à parte séria: durante muitos anos, enquanto esse tipo de episódio era comum apenas aos morros e favelas, a sociedade de modo geral não dava muita importância, mesmo que vez ou outra a gente ouvisse algum comentário ou lêsse alguma coisa a respeito. A partir do momento que tais acontecimentos saíram do gueto e passaram a fazer parte do cotidiano de todos, aí sim, todo mundo pôs a boca no trombone. Só vivenciando uma situação e sentindo seus efeitos em nossas vidas é que acordamos para determinadas situações.
Aí o seu fulano chega e fala assim: "ah, mas esses traficantes não sabiam que eram ministros que estavam lá". E que diferança faz isso? E o pessoal que vive no Jacarezinho? Será que alguma dessas pessoas, no meio do tiroteio, se feriu e não entrou nas estatísticas? E depois, quando a polícia invadiu? Só bandido levou tiro? Alguém já parou pra pensar que as pessoas que vivem em morros e favelas e que querem levar uma vida honesta estão entregues à própria sorte? Têm que calar, têm que não ver. Por elas, só Deus. E agora também, pelo que vejo, por todos nós.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Hoje, enquanto seguia para o trabalho, liguei o rádio e o nosso Presidente estava, naquele exato momento, concedendo uma entrevista coletiva a algumas emissoras de rádio. Os temas das perguntas foram variados: caso Renan Calheiros e sua boiada, prorrogação da CPMF, inflação, crise aérea, etc.
Confesso que em alguns momentos senti ali aquele Lula de antes, que já foi sindicalista e passou a Deputado Federal. Uma figura realmente admirável. E em outros, senti mais ou menos como se ele fosse uma cozinheira e a receita do seu bolo estivesse "desandando".
Já escrevi aqui que estou na Universidade com uma certa ajuda da política de cotas. E devo reconhecer ainda que minha vida melhorou de uns anos para cá, assim como a de muita gente. Mas essa coisa de o povo brasileiro ser o maior pagador de impostos do mundo e ainda assim não ter serviços decentes de educação, transporte, saúde e segurança, não sei não. Isso de ficar com um imposto (não era contribuição?) provisório que não acaba nunca, não sei não. E ainda ouvir o Ministro Mantega e o próprio Lula dizerem que sem ele não vai dar para tocar os programas de governo, pior. Até parece que os recursos da CPMF vão servir para colocar dinheiro em qualquer coisa que não seja saúde. Não foi para a saúde que essa danada foi criada?
Por que o programa Bolsa Família não continuou como no projeto original do Professor Cristóvão Buarque - o Bolsa Escola? E qual benefício vamos ter com essa idéia infeliz de aprovação automática, que é o desespero de qualquer professor?
Se eu pegar o que ganho e sair gastando sem planejamento, depois eu vou ficar na pior. Agora, se eu resolver cortar meus gastos supérfluos, parar de desperdiçar e investir meu dinheiro com sabedoria, daqui a algum tempo já vou ter um bom retorno, certo?
Acho que investir em segurança, educação, transporte e saúde dá retorno, tanto para a população quanto para o próprio País. Mas ainda não entendi que tipo de retorno podemos ter se tudo que nos é arrecadado - no caso da CPMF, contra nossa vontade - é investido na concessão de certos benefícios que são, apenas soluções de curto prazo. E ainda corremos o risco de, no futuro, ter que pagar mais para não ter que ver esse bolo "desandar".

sábado, 1 de setembro de 2007

Hoje é sábadoooo!

Acordei hoje por volta das 6 horas da manhã. Já estava toda animada, pensando na Praia de Copacabana, na bicicleta, na caminhada e no sorvete, quando me lembrei: não estou de folga...
Levantei com uma disposição daquelas - imagina, pessoa - e comecei a me preparar. Cheguei perto da janela e o sol ainda teve o topete de olhar para minha cara e dizer:
- Olha, vou ficar o dia todo por aí, hein?
Mas mantive meu orgulho e fiz um tipo que não estava nem aí. Peguei a minha reta e cá estou, no escritório, organizando minha agenda de hoje e escrevendo para o blog ao mesmo tempo.
E quer saber? Não estou de mal humor. Tudo azul, assim como o céu. E vamos embora, que atrás ven gente!