Finalmente o tal filme, que quase todo mundo já viu e quer ver de novo, vai para as telas.
O Secretário Nacional de Segurança Pública, Antônio Carlos Biscaia, deve ter visto, assim como o nosso Governador (ele depois desmentiu, mas já era tarde). Ele, talvez inspirado pela opinião do Capitão Nascimento, personagem principal e narrador do filme, vivido pelo ator Wagner Moura (pensando bem, deve ser essa a opinião dos policiais do BOPE), chamou de hipócritas as manifestações feitas no Rio contra a violência, já que muitos dos seus participantes gastam com frequência uma graninha no morro comprando a maconhazinha diária e "outras paradas aluninantes", enchendo assim os bolsos dos traficantes e, conseqüentemente, financiando essa guerrilha urbana que estamos vivendo. Isso tudo depois de o tal vocalista da banda Detonautas ter participado de uma passeata do gênero.
Claro que virou polêmica, o cara deu a resposta, etc. e tal. Mas não é disso que eu quero falar. Quero falar sobre hipocrisia, nos mesmos termos que o Sr. Secretário falou. Uma reflexãozinha:
- Quem gosta de carnaval, frequenta escolas de samba, compra os cd's de samba-enredo (originais) e compra ingressos para desfiles carnavalescos, está financiando o quê? Quem é que manda nas Escolas de Samba hoje em dia?
- Quem compra DVD, CD, brinquedos e outros produtos-pirata está financiando o quê? Onde são conseguidas as cópias-matrizes dos CD's e DVD's? Quem anda ficando rico com repasse dos piratões? Não estou falando dos camelôs...
- Quem anda de van e kombi não legalizada, está financiando o quê? Quem são os chefes dessas cooperativas?
Não faço essas perguntas por saber todas as respostas, muito pelo contrário. Faço porque quero saber quem nessa bendita Cidade - no mundo, talvez - passa, sem manchas, pelo monstro da hipocrisia do qual falou o Secretário. Eu gosto de carnaval e assisti, outro dia, a um filme pirata na casa do vizinho. Só que eu não aguento mais tanta violência. Eu sou hipócrita?
Também queria saber como as coisas chegaram a esse ponto. Descaso? Incompetência? Falta de planejamento? Jabá? Fui eu quem fiz tudo isso acontecer?
Interrogações, interrogações. Resposta, que é bom, nada.
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